Abordagem comunitário 


A iniciativa Curema é um modelo de intervenção baseado na comunidade. Esse modelo coloca a comunidade de difícil acesso no centro, levando em conta suas características específicas, a fim de promover o acesso ao tratamento da malária e limitar o risco de transmissão da malária para a população geral.


No projeto Curema, a comunidade não é vista apenas como a população-alvo, mas também como um agente e recurso fundamental.


O Curema mobiliza a comunidade para participar do projeto e busca fortalecer sua própria capacidade de gerenciar suas necessidades de saúde, liderança e colaboração interorganizacional. Essa abordagem baseada na comunidade facilita a adaptabilidade e a capacidade de resposta a um contexto complexo e em constante mudança, a fim de encontrar soluções adequadas.

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Os elementos essenciais da abordagem baseada na comunidade do projeto Curema são os seguintes:


  • Os mediadores desempenham um papel essencial no diálogo comunitário, criando confiança e incentivando o envolvimento da comunidade.  Antes do início da intervenção, os mediadores participam de espaços de aprendizado bidirecional e colaboram na elaboração de ferramentas operacionais.
  • Avaliação transversal envolvendo pesquisas pré e pós-método misto para identificar o comportamento e as percepções sobre a malária, mas também, de forma mais ampliada, os determinantes sociais da saúde, bem como as prioridades de saúde percebidas pela comunidade e prioridades fundamentadas em dados biomédicos comprovados.
  • O grupo de parceiros do Curema. Essa aliança é formada por uma colaboração de vários níveis de participantes, incluindo organizações locais, nacionais e internacionais. A natureza diversificada dos atores envolvidos promove uma abordagem científica, estratégica, tática e operacional que conduz à sustentabilidade das ações de combate à malária residual na comunidade de garimpeiros.

Componente qualitativo 


A parte qualitativa da avaliação fornece informações sobre se a intervenção do Curema é aceitável, acessível, usada adequadamente, e se produz uma mudança benéfica para a saúde da comunidade.


Um componente qualitativo constitui um valor agregado do projeto geral e possibilitará:


  • Adquirir conhecimento para entender o contexto e as representações sociais da malária e as repercussões dessa doença em suas vidas, especialmente com relação ao P. vivax.
  • Identificar os pontos fortes e fracos da intervenção do Curema antes de sua implementação, adaptando estratégias para elevar os padrões de qualidade e otimizando o trabalho dos mediadores no campo.
  • Mapear as partes interessadas e envolvê-las durante todo o projeto.
  • Observar e monitorar o progresso da intervenção do Curema em relação às expectativas, identificar problemas e sugerir melhorias.
  • Detectar mudanças no conhecimento e no comportamento que ocorreram durante e após a intervenção e avaliar as percepções de sucesso e transferibilidade do projeto pelas partes envolvidas.

 


Envolvimento e participação da comunidade 


Em contextos de baixa transmissão da malária, é ainda mais importante fortalecer o envolvimento da comunidade para criar soluções locais que sejam relevantes para os diversos atores envolvidos.


O envolvimento da comunidade é um processo estratégico que visa a trabalhar com grupos identificados, criando confiança e melhorando os resultados de saúde para a sustentabilidade de longo prazo. O envolvimento da comunidade pode ser entendido como um contínuo de níveis de participação, desde atividades de conscientização até processos compartilhados de tomada de decisões. 


 


O envolvimento e a participação da comunidade são essenciais no contexto da eliminação da malária, mas sua implementação pode ser complexa, principalmente entre as populações de difícil acesso. Vários fatores dificultam a implementação de uma participação significativa da comunidade em processos compartilhados de governança e tomada de decisões. Esses fatores incluem altos níveis de mobilidade geográfica transfronteiriça; baixos níveis de alfabetização em saúde; viver em locais de difícil acesso, às vezes em condições clandestinas e precárias; e conflitos políticos, legais e sociais que impedem a participação até mesmo dos subgrupos comunitários mais estáveis.

Dadas as complexidades, o Curema está refletindo sobre as oportunidades e buscando um processo contínuo, flexível e adaptável para o envolvimento da comunidade.


Desde as primeiras discussões, os representantes da comunidade enfatizaram a necessidade de informação, visibilidade e proximidade das ações de saúde para que elas cheguem à comunidade e sejam eficazes e aceitáveis. É por isso que as estratégias de Informação, Educação e Comunicação (IEC) são um componente importante da intervenção do Curema. Até o momento, foram desenvolvidas várias abordagens de envolvimento da comunidade para desenvolver e apoiar o lançamento da intervenção do Curema:


  • Processos criativos envolvendo pessoas da comunidade, mediadores e cientistas para criar vídeos de IEC combinando os diversos conhecimentos e pontos de vista das partes interessadas.
  • Processos de consulta com a comunidade para o desenvolvimento de material educacional com um forte componente visual adaptado às características culturais, educacionais e étnicas da comunidade.
  • Desenvolvimento de outras ferramentas de informação para facilitar a geração de uma rede social virtual, como o Facebook.
  • Aprendizagem mútua e envolvimento dos mediadores para adaptar a intervenção durante os processos de design, treinamento e monitoramento do projeto.
  • Liderança compartilhada e tomada de decisão conjunta em aspectos operacionais e de pesquisa durante todo o projeto com o parceiro não acadêmico, a Associação DPAC Fronteira. 

Em um futuro próximo, exploraremos o desenvolvimento de outras ações com a contribuição central de líderes comunitários que abordam a malária e outras questões de saúde na forma de atividades como: feiras de saúde, programas de rádio ou canções.


Advocacy e mobilização social  


Durante o curso do projeto, são realizadas discussões com possíveis parceiros e aliados dos setores político, social, científico-acadêmico, financeiro e comercial, que podem potencialmente se juntar e contribuir para enfrentar os desafios específicos que surgem no caminho para a eliminação da malária.


Essas reuniões também são uma oportunidade para relatar o progresso do projeto e refletir coletivamente sobre a sustentabilidade das ações mais eficazes para eliminar a malária entre as populações de difícil acesso, tanto na Amazônia quanto internacionalmente.


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