“Ha, eu estou curiosa. Assim, e quando você está curioso, você fica querendo saber o resultado. Isso me deu uma vontade para trabalhar com esse projeto. Depois de aprender tanta coisa, despertou mais uma vontade para trabalhar com a malária, saber mais dos garimpeiros e sair conversando com a população.”
(Um mediador do projeto Curema)
Os mediadores são os trabalhadores de campo do projeto Curema. Eles são responsáveis pela capacitaçãoe e pela educação em saúde dos participantes, pela distribuição dos kits (malakit e “cura radical”), pela entrega da primeira dose da “cura radical”, pela coleta do consentimento livre e esclarecido, pela coleta de dados por meio de questionários de inclusão em tablets, pelas visitas de acompanhamento ao módulo da “cura radical”, pela conscientização da comunidade, pelo gerenciamento do estoque etc.
Para que possam dominar os procedimentos do estudo e os princípios da pesquisa em saúde, os mediadores recebem uma capacitação em várias etapas antes de iniciar suas atividades no projeto.
Capacitação básica
Essa capacitação abrangeu conhecimentos básicos sobre malária (diagnóstico e tratamento), sua epidemiologia no Escudo das Guianas e estratégias de controle da malária.
As sessões da capacitação inicial foram realizadas separadamente para os mediadores que trabalhariam nos locais de inclusão em território surinamês ou brasileiro, devido às diferentes estruturas de recrutamento, e foram fornecidas respectivamente pelo Programa Nacional de Eliminação da Malária no Suriname e pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) no Brasil.
Capacitação teórica e prática
Esse curso de capacitação teórica e prática de três semanas foi realizada em Paramaribo, Suriname. Foi realizada de forma conjunta para toda a equipe de mediadores do projeto, com a participação de todos os atores envolvidos no projeto, tanto presencialmente quanto remotamente: a equipe de coordenação do Centre d’Investigation Clinique Antilles/Guyane – Inserm 1424, a Fundação SWOS, o National Malaria Elimination Program no Suriname, a associação DPAC no Brasil e a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).
O objetivo era fornecer à eles as ferramentas necessárias para que pudessem executar e dominar todos os procedimentos e ações que lhes fossem confiados no decorrer de seu trabalho. Para isso, a equipe de coordenação desenvolveu uma metodologia de capacitação dinâmica, rica em atividades práticas, com ferramentas adaptadas e baseada nas teorias de aprendizagem de adultos.
Durante as sessões da capacitação, os mediadores praticaram o uso do tablet de coleta de dados, a realização do teste de triagem de deficiência de G6PD, a capacitação de futuros participantes do estudo usando um jogo sobre a transmissão da malária e folhas visuais explicativas, e obtiveram a certificação “ICH Boas Práticas Clínicas E6 (R2) ” fornecida pelo centro de treinamento The Global Health Network.
“Foi bom, criativo e divertido e bom para memorizar, porque essas coisas a gente memoriza, né? A gente não esquece. Joguinhos foram muito bons.”
(Um mediador do proejto Curema)
Durante a capacitação, os mediadores foram divididos em pequenos grupos de trabalho. Esses pequenos grupos – usados para realizar grande parte das atividades práticas e simulações de inclusão – eram compostos por perfis heterogêneos em termos de habilidades e personalidades, a fim de maximizar os resultados e a aprendizagem entre pares.
A capacitação também proporcionou uma oportunidade de adaptar as ferramentas do projeto para otimizar o trabalho de campo, como a adaptação do questionário do tablet ou a produção de uma apresentação em vídeo da nota informativa para torná-la mais compreensível para os participantes.
Essas atividades participativas ajudaram a aumentar o compromisso dos mediadores, tornando-os participantes do desenvolvimento de sua prática.
Capacitação contínua no campo
Os mediadores são apoiados durante todo o projeto Curema pela equipe de coordenação e por dois supervisores recrutados especificamente para essa atividade, um no Suriname e outro no Brasil.
Inicialmente, a capacitação contínua ocorre em cada local de inclusão na forma de apoio aos mediadores à medida que o projeto é lançado gradualmente no campo e durante as primeiras inclusões.
Em seguida, a equipe de coordenação faz visitas regulares de supervisão com o apoio do supervisor responsável pelo país em questão. Essa supervisão também é acompanhada por supervisão remota, com ligações semanais e contato próximo a cada inclusão ou a cada dúvida por meio de grupos específicos do WhatsApp. O aplicativo WhatsApp foi escolhido por ser o mais amplamente utilizado e mais fácil de usar.
Avaliação da capacitação
Com o objetivo de melhorar gradualmente os procedimentos do projeto, foi realizado um estudo misto para avaliar a qualidade e a eficácia do treinamento oferecido aos mediadores.
Esse estudo, denominado Evafor, foi realizado durante o treinamento teórico-prático inicial em Paramaribo e durante as primeiras missões de apoio aos mediadores após o início oficial do projeto Curema. Leia mais no artigo aqui!
Foram usadas várias técnicas de coleta de dados:
- Um teste de conhecimento antes e depois do treinamento para avaliar seu nível de progresso.
- Simulação de inclusão e inclusão no campo sob observação padronizada.
- Um teste de satisfação para reunir as percepções dos mediadores sobre o formato, o conteúdo, a utilidade e a implementação das sessões de treinamento, etc.
- Uma roda de conversa e entrevistas para explorar as opiniões dos mediadores em profundidade e para apoiar os dados quantitativos coletados.