Objetivo e princípio da intervenção

O objetivo da intervenção é fornecer à população estudada, o material e os recursos necessários para lidar sozinhos com um episódio de sintomas da malária, quando estiverem em uma situação de isolamento geográfico.

Todos os participantes recebem um treinamento, assim como um applicativo, para aqueles que possuem um smartphone, com o objetivo de :

  • Entender o objetivo e o princípio do projeto Malakit, a importância da utilização adequada do kit e receber informações sobre a malária e sua prevençã,
  • Saber como realizar um teste de autodiagnóstico da malária e ser capaz de ler e interpretar os resultados, e saber se tratar de maneira adequada e segundo o resultado.

NB : O consentimento dado para baixar o aplicativo é independente do consentimento para participar do estudo.

O resultado esperado é que os participantes adquiram conhecimentos e mudem suas atitudes e comportamentos em termos de  gestão e de prevenção da malária.


Quem realiza a intervenção ?

Os mediadores do Malakit são responsáveis pelo treinamento dos participantes, pelo compartilhamento do aplicativo, pela distribuição dos malakits e dos mosquiteiros impregnados, assim como pelo reabastecimento e substituição dos malakits.

Malakit facilitators

Eles também são responsáveis pela investigação propriamente dita : eles incluem os participantes no estudo de pesquisa, e coletam os dados durante a fase de inclusão, assim como durante os atendimentos de retorno. Eles também têm a tarefa de montar os kits e gerenciar os estoques.

Há dois mediadores por local de distribuição nos rios fronteira e um em Paramaribo.
São realizadas missões móveis em outras bases de apoio ao longo do rio Maroni, de acordo com a atividade de mineração e o fluxo de garimpeiros.

Os mediadores são recrutados por sua pertença ou proximidade com a comunidade garimpeira, sua fluência na lingua portuguesa e sua aptitão para utilizar as ferramentas informáticas, tablets e smartphones.

Dentre os critérios desejados, mas não obrigatórios, estão :

  • a experiência como agente de saúde ou investigador, ou na mediação sanitária ou social,
  • a capacidade de falar inglês ou francês.

Formação teórica

  1. Os mediadores fizeram uma primeira formação geral sobre a malária, uma formação teórica sobre suas tarefas e seu papel no projeto e uma formação prática no campo. O conteúdo da formação teórica Malakit incluiu :
  • O contexto e os objetivos do projeto
  • O princípio e o criador  inovador do Malakit
  • Os direitos dos participantes e a noção de consentimento esclarecido
  • O treinamento dos participantes do estudo realizada no momento das inclusões
  • A coleta de dados através de questionários : primeiro atendimento e atendimentos de  retorno
  • A montagem dos kits e a gestão dos estoques
  1. Após os primeiros atendimentos de retorno, uma formação teórica foi dispensada a todos os mediadores para dominar o segundo questionário administrado durante esses atendimentos.
  2. A supervisão no campo permitiu dominar o compartilhamento do aplicativo aos participantes (uma vez finalizada), reforçar competências no preenchimento dos questionários, e lembrar os pontos cruciais do projeto.

Quais são as etapas da inclusão no estudo Malakit ?

O TREINAMENTO

O treinamento pode ser feito por um ou dois mediadores. O número de participantes recomendado por treinamento é entre um e quatro, mas em alguns casos excepcionais, o efetivo pode se elevar a 5 ou 6 participantes.

1/ Verificação dos critérios de inclusão :

    • Ter mais de 15 anos, com a presença de um tutor legal se a pessoa tiver entre 15 e 17 anos. A idade limite de inclusão foi decidida levando em conta a capacidade de realizar um TDR sozinho, o peso mínimo para a dosagem do medicamento contido no kit, assim como a presença conhecida de menores nos garimpos.
    • Trabalhar ou acompanhar alguém trabalhando em um garimpo ilegal na Guiana Francesa ou ter a intenção de ir trabalhar ou acompanhar alguém.
    • Ainda não estar incluído no estudo Malakit.

2/ Apresentar o projeto aos participantes, incluindo informações sobre :

    • A duração do processo de inclusão : cerca de uma hora
    • O fato de ter que picar-se no dedo
    • A obrigação de assinar um formulário de consentimento

3/ Visualização do vídeo animado do Malakit

4/ Apresentação do kit

5/ Debate com os participantes sobre a malária

com a ajuda das seguintes perguntas :

    • « Você já teve malária ? »
    • « Quais foram os sintomas ? »
    • « Você sabe como a malária é transmitida  ? »
    • « Quando você está com malária ou dor de cabeça na floresta, em qual doença você pensa ? »
    • « Quais são os outros sintomas de malária que você sentiu ou que você conhece ? »

6/ Dar explicações com a ajuda de placas ilustradas :

 

    • « Uma infecção – um tratamento adaptado » : a mensagem é que, se o tratamento não corresponder com a causa da infecção, o tratamento não  tratará a pessoa, daí a importância de fazer um teste de diagnóstico.
    • Placa de parasitas : a mensagem é que 3 dias de tratamento com artemeter/lumefantrina são necessários para eliminar todos os parasitas.
    • « Parasita da malária » : trata-se de uma explicação sobre a existência do P. vivax e P. falciparum, suas diferenças e a utilidade do TDR e do tratamento do kit para cada um. O objetivo principal dessa placa é encorajar os participantes a se tratarem quando os sintomas voltarem um mês após o final do tratamento contido no kit, ou seja, em caso de revivescência do P.vivax.
    • Situações de alto risco : sinais severos e contra-indicações : a mensagem é que no caso de uma das situações ilustradas, o participante deve iniciar o tratamento Malakit e ao mesmo tempo ir a um centro médico o mais rápido possível.

7/ Visualização do vídeo « Como realizar um teste de diagnóstico rápido sozinho »

8/ Guiar os participantes etapa por etapa para a realização de um TDR sozinhos:

Com a ajuda das ilustrações impressas no kit e em seguida interpretar os resultados ⇒ Ser capaz de realizar um teste de diagnóstico rápido sozinho faz parte de um dos critérios exigidos para participar do estudo. Se o teste for positivo, o participante será orientado para a mais próxima estrutura de atendimento à malária.

Anotar a hora e o nome em cada cassete de teste de 20 minutos para facilitar a leitura.

9/ Explicações sobre como tomar os medicamentos do kit, segundo o resultado do teste.

Isso inclui a noção de resistência e a importância de fazer o tratamento completo, embora a pessoa se sinta melhor. As contra-indicações são lembradas, como o fato de estar grávida ou amamentando, como especificado no estojo do kit.


PROCESSO DE INCLUSAO A ADMINISTRACAO DO QUESTIONARIO

1/ Entrega da nota de informação permitindo que o participante faça perguntas.

2/ Preenchimento do formulário de consentimento esclarecido em papel em dois exemplares/

Um para o participante e um para o investigador.

3/ Administração do questionário no tablet :

    • Verificação dos últimos critérios de inclusão :
      • Capacidade de ler e interpretar os resultados do teste
      • Compreensão de quando e como fazer o tratamento corretamente
    • Atribuição de um número único de identificação, sob forma de código de barra, de letras e números. Uma etiqueta com o número de identificação é colocada no formulário de consentimento esclarecido e uma etiqueta idêntica é colocada num cartão de plástico servindo de « cartão de identidade Malakit » para o  participante e que serve para proteger seu anonimato. O código de barra pode ser escaneado com um tablet.
    • Coleta dos dados sociodemográficos e de dados ligados à intervenção : resultado do teste, possessão anterior de um kit, número do kit distribuído e do código de identificação do aplicativo, distribuição de mosquiteiro.

4/ Distribuição dos « cartões de identificação», do mosquiteiro e do malakit, além das seguintes  mensagens :


« É importante voltar a um local de distribuição se você tiver utilizado um kit » ; « guarde o cartão de identificação e o kit separadamente; leve o kit, o cartão de identificação e os resíduos deixados pelo teste de diagnóstico rápido em cada atendimento »


VARIACOES POSSIVEIS

Os diferentes módulos do applicativo Malakit para Smartphone podem ser utilizados como ferramentas de suporte para o treinamento. Por exemplo, a leitura do teste de diagnóstico rápido pode ser explicada com a ajuda da parte interativa do aplicativo. Ao mesmo tempo isso permite treinar as pessoas para a utilização do applicativo.

Possibilidade de adaptar as intervenções aos participantes

Ajustes podem ser implementados pelos mediadores segundo alguns parâmetros inerentes, a saber :

  • Número de participantes por sessão
  • Tempo disponível
  • Interesse e capacidade de concentração
  • Capacidadde para ler
  • Possessão de um smartphone
  • Aptidões informáticas para utilizar um smartphone

Essas adaptações vão influenciar na quantidade de informações dadas, na duração das explicações, assim como o número de repetições das mensagens importantes.
Por exemplo, as explicações completas sobre o aplicativo serão dadas somente se o tempo o permitir e se os participantes tiverem bastante aptidões informáticas.


Quais são as etapas de um atendimento de retorno ?

Aqui está o procedimento a ser feito quando um participante retorna a um local de distribuição:

1/ Verificar se a pessoa já foi incluída no estudo :

    • Verificar a presença de um cartão de identificação e/ou de um  kit
    • Perguntar onde, quando e por qual mediador a pessoa foi incluída
    • Facultativo : pedir ao participante para realizar um teste de diagnóstico rápido perante um mediadorChecking for the presence of the ID card and/or the kit

2/ Fazer um relatório com o participante sobre o que lhe aconteceu depois do último atendimento em um local de distribuição :

O mediador pergunta se houve episódios de sintomas de malária e se houve uma utilização do kit sem sintomas, o que inclui uma utilização do kit por outra pessoa.

  • Se o participante tiver um Smartphone, mas ainda não tiver o aplicativo, o mediador o compartilhará com ele.
  • Se o participante não tiver mais o seu cartão de identificação, o mediador atribui-lhe um novo número de identificação e preenche um formulário chamado « número de identificação ausente », onde ele apõe o novo número de identificação. Um novo cartão é então entregue com o novo número de identificação.
  • Se resíduos (TDR utilizados) forem trazidos, o mediador inscreve o número de identificação do participante no saco de resíduos que ele entregará posteriormente ao investigador para controle de qualidade.

3/ Substituir ou reabastecer o kit, se necessário.

4/ Administrar o questionário do atendimento de retorno.

NB: O mediador tem o direito de recusar-se a reabastecer ou a dar um novo kit se ele considerar que a pessoa não é honesta e que a intenção é de vender kits.