O projeto Curema

A aventura que começou com o projeto Malakit entrou em uma nova etapa!  

Nossa equipe vem trabalhando há vários meses em um novo projeto que aborda os desafios identificados nos últimos anos: a circulação residual do Plasmodium vivax, a necessidade de

aumentar ainda mais a conscientização sobre o risco da resistência antimalárica. O projeto CUREMA (Radical CURE for MAlaria among highly mobile and hard-to-reach populations in the Guiana Shield) é o fruto desse trabalho e tem como objetivo avaliar uma nova intervenção que combina a distribuição de Malakits (simplificados e aprimorados graças ao apoio da TDR/OMS) com uma ação específica voltada para o Plasmodium vivax, atualmente a espécie predominante em nossa população-alvo.

Quanto ao Malakit, as pessoas envolvidas em atividades relacionadas à mineração artesanal e informal de ouro (garimpeiros) no coração da floresta amazônica sãoa população-alvo da CUREMA: propomos a participação aos garimpeiros que se deslocam pelo sul do Escudo das Guianas, entre o Amapá (Brasil), a Guiana Francesa (França) e o Suriname. Assim como no projeto Malakit, para superar os obstáculos impostos pelo afastamento e (muitas vezes) pela natureza informal das atividades realizadas pelo nosso público-alvo, oferecemos a intervenção nos centros logísticos e de apoio (áreas de preparação) dos garimpeiros, facilmente acessíveis e localizados nas regiões de fronteira entre os territórios em questão.

A intervenção complexa que avaliaremos inclui um núcleo comum (atividade de educação em saúde sobre malária) e dois módulos que são oferecidos aos possíveis participantes:

• O módulo “Cura radical” é representado por um tratamento direcionado a indivíduos assintomáticos com risco de serem portadores de P. vivax. O objetivo desse módulo é evitar recaídas e reduzir o número de hospedeiros humanos capazes de transmitir o parasita.
• O módulo “Malakit” corresponde à distribuição, após o treinamento adequado, de um malakit (kit de autoteste e autotratamento). O objetivo desse módulo é fornecer acesso a diagnóstico e tratamento de qualidade para episódios de sintomas compatíveis com a malária que ocorrem em situações de extrema distância dos serviços de saúde.

Um núcleo comum de atividades de educação em saúde enfoca a malária: suas causas, meios de prevenção, as principais diferenças entre as doenças causadas por P. falciparum e P. vivax, a importância de um tratamento completo contra qualquer forma de Plasmodium sp. Ele será oferecido individualmente aos participantes, durante o processo de inclusão, mas também à comunidade que vive ou transita pelas áreas de preparação por meio de atividades coletivas de alcance.

Portanto, mantivemos uma abordagem pragmática para que as conclusões do estudo pudessem ser transferidas o mais facilmente possível para a vida real e, ao mesmo tempo, nos concentramos na segurança da intervenção. Assim, os trabalhadores de campo do estudo que administrarão a intervenção são facilitadores pertencentes à comunidade-alvo e com um perfil semelhante ao dos profissionais de saúde recrutados por muitos programas de controle da malária, especialmente em áreas remotas. Além disso, o acompanhamento é simplificado, e os dados de acompanhamento podem ser coletados por meio de visitas presenciais e questionários administrados remotamente (por telefone ou por meio de um aplicativo específico para celular).

A fim de gerar os dados necessários para que as autoridades de saúde possam assumir a intervenção no futuro, o estudo avalia dois aspectos da intervenção: eficácia e implementação. 

• Primeiro, queremos avaliar a eficácia em escala populacional da intervenção na redução da transmissão da malária com uma abordagem quase experimental.
• Em segundo lugar, analisaremos a implementação da intervenção e geraremos conhecimentos valiosos para sua posterior aplicação nos serviços de saúde locais.

Essa avaliação será realizada por meio dos componentes do estudo CUREMA:

• os dados produzidos pela própria intervenção,
• as pesquisas transversais pré/pós-intervenção,
• a contribuição das ciências sociais e da abordagem baseada na comunidade (pesquisa qualitativa e processo de avaliação participativa),
• a modelagem de dados de vigilância epidemiológica.

Muitos dos componentes da intervenção e da avaliação foram projetados em conjunto com uma abordagem participativa, com diversos atores e por meio do envolvimento da comunidade.
A implementação desses componentes terá uma duração prevista de aproximadamente 27 meses, o início das inclusões está programado para setembro de 2022.